sexta-feira, 1 de agosto de 2014

CNH especial - Esse assunto vai longe!!!

Hoje trago para vocês um pouco da história de Claudia, nossa leitora, que está tirando sua CNH e passando por muitas dificuldades. Até quando vamos viver em uma sociedade que nos revoltam, e nos deixam indignadas com tanta falta de consciência e desigualdade? Esse fato ocorreu em RN, um total desrespeito com as pessoas que possuem necessidades especiais, segue o relato:



"Bem para início de conversa me chamo Cláudia, tenho 33 anos, moro em Caicó-RN, tenho deficiência física e no início desse ano fui ao DETRAN com a pretensão de obter minha Carteira Nacional de Habilitação e lá fui informada que eu teria que ir a Natal, para eu poder ser avaliada por uma junta médica especial que no meu caso, expediu um laudo que determinava que eu era obrigada a dirigir veículo com transmissão automática, direção hidráulica e com prolongadores dos pedais e elevação do assoalho e/ou almofadas fixas de compensação de altura e/ou profundidade, devido a minha deficiência física. Sai do DETRAN de Natal, super feliz com essa probabilidade, já sentindo aquela impressão de liberdade e ao mesmo tempo pensando que não ia mais furar os meus pés em espinhos ou cacos de vidro, nem atolar as muletas na lama quando chovia, nem muito menos me queimar debaixo do sol causticante do nosso Sertão seridoense durante as idas e vindas do trabalho. 
E foi com essa alegria que corri para fazer minha matrícula em uma auto escola de Caicó-RN e lá veio o primeiro balde de água fria, que fez com que meu contentamento logo desse lugar a uma baita dor de cabeça, pois para meu espanto fui avisada que eu não poderia fazer as aulas práticas em Caicó, a cidade não possuía nenhuma empresa de Formação de Condutores que dispusesse de veículo com transmissão automática e direção hidráulica atendendo assim as minhas necessidades. Mesmo assim decidir fazer as aulas teóricas em Caicó, e enquanto eu cursava as aulas pesquisava a existência de alguma auto escola no Estado que me atendesse. Descobrir a existência de uma em Parnamirim, entretanto eles logo me avisaram que apesar do veículo ser adaptado era uma adaptação manual, ou seja, com ela o motorista usa as mãos para frear e acelerar. Informei que no meu caso a adaptação era outra já que constava no laudo. Tentei ainda explicar que esse tipo de adaptação que existia no carro deles era voltada para atender pessoas paraplégicas, ou seja, que não possuem movimentos da cintura para baixo. Já a minha deficiência era diferente pois, tenho os movimentos das pernas entretanto, possuo baixa estatura. No entanto, foram taxativos ao afirmarem que a adaptação era a que eles possuíam.
Diante dessa situação continuei a busca por outra auto escola já que o veículo da empresa de Parnamirim não atendia as minhas necessidades, e fui informada da existência de uma na cidade de Mossoró depois de ter sido aprovada no curso teórico e com a proximidade das minhas férias do trabalho fui p a Mossoró. Lá eu fui bem recebida, vi o carro, conversei com o instrutor, com o proprietário da escola e ficaram acertadas as aulas para as minhas férias, pois o horário do meu trabalho não permitiria esse translado entre Caicó-Mossoró diariamente. Foi marcado o início das aulas para o dia 07/07/2014, todavia adoeci com uma conjuntivite e passei uma semana sem poder sair de casa fazendo o tratamento recomendado pelo médico. Remarcamos então para o dia 22/07/2014, entretanto a pessoa que faz as adaptações no único carro que podia me atender sofreu um acidente e está impossibilitado de fazer as adaptações e consequentemente eu fiquei sem as aulas e ainda não sei quando será possível fazê-las.
Como professora, fico ainda me perguntando quando uma criança com deficiência chega a uma escola seja ela pública ou privada, somos obrigados a recebê-la e darmos o mínimo de condições para que ela estude, sob pena de respondermos na justiça. Afinal de contas a educação é um direito de todos e para todos. Partindo desse mesmo principio de respeito aos direitos do cidadão me questiono até quando os direitos de igualdade, acessibilidade e dignidade das pessoas com deficiência serão desrespeitados pelas auto escolas do RN e especialmente de Caicó (Centro Regional da Região do Seridó)? Será que as pessoas sem deficiência no RN e especialmente no Seridó vão continuar participando de suas aulas e exames práticos, sem maiores problemas, pois existem veículos em número suficiente para atendê-los, enquanto isso, pessoas com deficiência como eu, tem que sair de sua cidade, se cansar com longas e onerosas viagens e ausentar-se do trabalho durante vários dias? E por fim, até quando o Detran que é o órgão que coordena o serviço das auto escolas, vai fazer vista grossa a essa realidade? 
Sinceramente termino aqui agradecendo a sua atenção e com a esperança de que alguma pessoa possa responder a todos esses questionamentos e quem sabe modificar essa humilhante situação.
(Cláudia Medeiros de Araújo, 01/08/2014)

Se mais alguém tiver alguma história, nos mande, unidos podemos melhorar muitas coisas.
Até a próxima!


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