quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Inclusão escolar a partir de um outro ângulo

Olá, pessoal!
Vim aqui falar de um assunto muito presente em Seminários, Palestras, Livros, na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases. Entretanto, apesar de ser algo tão sério surgiu aqui a partir de uma conversa bem engraçada entre mim e minha amiga Luciana. Com certeza vocês já estão ficando curiosos, né?!Ou estão nos achando duas doidas! Afinal de contas, que assunto é esse?
Bem antes de responder, me chamo Cláudia, moro em Caicó-RN,  sou professora há 08 anos em uma escola da Rede Pública Estadual e conheci a Luciana, através do blog. E a partir daí nos tornamos amigas virtuais e diariamente trocamos dicas e informações que vão desde o valor e a cor do batom, que está na moda, até os valores das ações na Bolsa de Valores de São Paulo, da empresa que produz o batom. (rsrsrsrs...) E foi numa dessas conversas que comentei para a Luciana, a questão da inclusão escolar a partir de um outro ângulo, ou seja, são as crianças sem deficiência que lidam diariamente com uma professora com deficiência. E ela pediu para que eu contasse, aqui, para vocês.

Bem geralmente, os alunos a primeira vez que me encontram circulando pelos espaços da escola ficam com aquela cara de espanto. Achando que sou  um E.T (extraterrestre). Isso é normal, afinal de contas tudo que se encontra fora do padrão e que é diferente chama a atenção, “incomoda”. Mas, depois do primeiro choque vem o primeiro contato acompanhado de perguntas do tipo:
 



Criança: Tia, você sofreu um acidente?

Eu: Não, tia nasceu com uns sistos na medula que gera fraqueza nos músculos do corpo.

Criança: Tia por que você usa isso para andar?
Eu : Isso são as minhas Coleguinhas. E elas servem para que tia possa se apoiar nelas, aumentando o meu equilíbrio.

Criança: E por que esse nome, Coleguinhas?

Eu: Uma  Colega é aquela pessoa que está sempre nos fazendo companhia, né?! Daí eu escolhi esse nome, pois elas estão sempre comigo.




E se vocês pensam que as histórias engraçadas acabaram ,aqui, sinto muito em informá-los. A criançada quer saber muito mais. Só para vocês terem ideia um dia, minha irmã chegou nocarro para me pegar. E olha a pergunta de uma das crianças: “Tia, ela é sua mãe?” Pequeno detalhe, minha irmã é mais jovem que eu.

Outra pergunta que sempre se repete é se eu sou casada. E quando digo que não, eles perguntam a minha idade. E quando falo surgem as mais variadas reações, entre elas: “Tia você tem a idade da minha mãe e ainda não é casada?!”; “Vixe, tia você aparenta ser bem mais jovem!” É importante, destacar que para as crianças  “ser adulto” é ter um trabalho, ser casado (a) e ter filhos.  E foi seguindo essa lógica de pensamento que  há poucos dias fui surpreendida, com as seguintes perguntas:


Criança: Tia, você tem filhos?
Eu: Não.

Criança: E por que você não tem filhos?
Eu: Porque não sou casada

Criança: Mas, para ter filhos não é preciso ser casada.

Moral da história: 
No momento que crianças sem deficiência passam a conviver com uma pessoa com deficiência, a deficiência é minimizada.  E essas crianças acabam percebendo  o quanto somos pessoas úteis e produtivas ao ponto de podermos trabalhar, casar e ter filhos. Ainda é importante lembrar que as crianças de hoje, serão amanhã nossos futuros gestores, (prefeitos, vereadores, deputados, diretores de empresa), os quais vão elaborarpolíticas públicas integradas e permitirão a ativa participação das pessoas com deficiência no desenvolvimento do Brasil. Enfim, a educação é oúnico meio responsável pela formação de um país mais justo para todos.

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